Antonio de Torres (1817-92)
Fonte: The Master Maker And Their Guitars
A legendária figura de Antonio de Torres cria muita controvérsia no mundo da construção de violões. Seus seguidores estão convencidos de que a contribuição de Torres é da maior importância para o projeto do violão moderno e sua reputação é assim justificada. Seus críticos propõem que Torres é apenas mais um dentre tantos outros considerados bons construtores e que nem todos construtores contemporâneos dele reconhecem sua influência em seus trabalhos. O importante é que conta-se muitas estórias e cria-se uma certa mitologia a respeito da sua vida, dos seus trabalhos e de suas idéias.
Isto torna especialmente verdade com as mais recentes experimentações em construção de violões, quem empreende descarta qualquer idéia preconcebida na esperança de fazer um instrumento radicalmente novo.
A vida de Antonio de Torres, até recentemente, era envolta em mistérios, havendo muitas estórias que não tem consistência.
O luthier inglês José Romanillos possui uma extensa literatura montada através do compromisso por uma pesquisa profunda e meticulosa a respeito da vida e do trabalho realizado por Antonio de Torres. Isto é uma questão fundamental quando se junta a vasta documentação e catalogação de exames realizados nos sessenta e cinco violões remanescentes de Torres.
O resultado disto é um quadro claro, não somente sobre a vida no tempo de Torres como também sobre o modo de se projetar e construir violões. Os sessenta e cinco violões nos fornecem um substancial resumo do trabalho de Torres o que possibilita uma visão de como foi o desenvolvimento do seu trabalho, com diferentes formas do corpo, método de estruturação, uma variedade de enfeites decorativos e assim conseguimos também um melhor discernimento da evolução dos métodos de construção de violões.
O primeiro violão de Torres data de 1840. Por volta de 1854 ele montou sua oficina em Sevilha, pois naquele distrito morava um grande numero de outros construtores. Ele desejava ver como eram os violões de José Pernas, praticava a construção através de processos correntemente usados. Que consistia em um corpo pequeno, a ponte era fixada selada, preferindo estruturas mais largas, uma elaborada marchetaria e enfeitados desenhos da mão. Torres contudo já estava produzindo violões radicalmente diferentes anunciando um novo padrão de construção, seus instrumentos além de terem uma curvatura inferior maior incorporavam sete barras harmônicas radiais em sua estrutura e que vieram a tornar-se marca da moderna estruturação dos projetos de construção de violões. Naquele tempo as estruturas eram muito simples e consistiam em três barras harmônicas transversais largas. Torres tivera uma incrível intuição ao compreender naquela época as propriedades acústicas das madeiras que ele utilizava, dando a ele uma habilidade em selecionar os materiais de melhor qualidade sonora que os utilizados por muitos de seus contemporâneos que produziam instrumentos e que em sua maioria preocupavam-se mais com uma elaborada e belíssima decoração em detrimento do funcionamento e da capacidade acústica e musical do violão. Embora muitos dos violões de Torres exibam uma elaborada marchetaria e outras características decorativas, muitos outros tinham adornos relativamente simples, pois sua verdadeira obsessão era elucidar, deixando evidente o funcionamento musical dos instrumentos. Enquanto ele usava as variadas técnicas decorativas, convinha-lhe também capacitar musicalmente seus instrumentos. Em 1860 Torres já tinha exibido seus instrumentos em muitas exposições e estava bem estabelecido como construtor. Todavia, construir violões não era um negocio lucrativo e ele parou de construir instrumentos para abrir uma loja de varejos de artigos de porcelana. O que o levou a uma depressão aumentando suas dificuldades financeiras.
Geralmente os construtores de violão faziam dois modelos de instrumentos, um básico tipo estudo para amadores e uma versão mais elaborada para os músicos profissionais. A maior parte do tempo produzia-se violões finos donde sua fabricação criava uma grande dificuldade para se cobrar o preço que refletia o verdadeiro valor do trabalho empregado na construção do instrumento.
Por volta de 1875 Torres havia voltado a fazer seus violões produzindo em torno de seis instrumentos por ano. Sua modesta produção dobrou produzindo doze instrumentos por ano entre 1883 e 1892. Contudo, toda sua produção o levou a uma carreira de sucesso embora seus últimos instrumentos não terem a grande qualidade que lhes eram peculiares. Antonio de Torres morreu no dia 19 de novembro de 1892. A maior parte de seus trabalhos concentraram-se entre 1852 – 69 e entre 1875 – 92.