Robert Bouchet (1898 – 1986)
Fonte: The Master Maker And Their Guitars
Robert Bouchet foi um multi-artesão qualificado, na verdade, construir violões, foi um exercício que assumiu relativamente tarde na vida. Ele era principalmente um artista, um pintor com estilo neo-impressionista, que por muitos anos lecionou pintura na escola de arte decorativa, em Paris. Sendo um violonista afiado, ele fez o seu primeiro instrumento para uso próprio em 1946, mantendo-o para o resto de sua vida. Ele pertencia a uma sociedade de guitarra clássica em Paris a 'Les Amis de la Guitare " e foi aqui que os seus instrumentos foram primeiramente expostos ao escrutínio público. Ele teve a oportunidade de observar um construtor baseado em Paris, Julian Gomez Ramírez, com quem teve uma estreita amizade, e a isso devesse sua introdução à arte da guitarra fazendo.
Bouchet não teve nenhum treinamento formal, e desenvolveu um estilo próprio, influenciado por sua admiração ao trabalho de Torres. Ele morava em apartamento pequeno em Montmartre e foi ali que ele pintou e também fez seu primeiro violão. O seu diminuto local de trabalho estava sempre impecavelmente arrumado, estava bem abastecido como sua própria casa cheia de ferramentas e gabaritos. Seu violão tornou-se amplamente apreciado após ter sido procurado por vários grandes violonistas, dentre eles inclui-se, Alexandre Lagoya, Emilio Pujol e Julian Bream. Bream possuía três “Bouchet”, o primeiro foi feito em 1957, o segundo em 1962 e terceiro em 1964. Bouchet fez apenas cerca de 150 instrumentos ao longo de um período de trinta e cinco anos.
Robert Bouchet (1898 – 1986)
Ele trabalhava lentamente, em consideração a si mesmo e não como estando sob pressão comercial. O reconhecimento internacional veio das visitas intermináveis de admiradores de todo o mundo. Bouchet contou uma vez que recebia visitas feitas por entusiastas japoneses, que em reverencia, curvavam-se com respeito mas que depois passavam a fotografar tudo que estava à vista. Ele gostava de construir gabaritos elaborados e dispositivos para auxiliar o processo de construção. Estes incluíram gabinetes para a colagem na ponte (cavaletes) e plainas para a preparação de tiras para ser usado em filetes de bordas e rosetas. Bouchet trabalhou no método tradicional espanhol, o braço pré-fabricado unia-se ao tampo através do tróculo, era feito uma fenda, nos dois lados deste tróculo, cortada por uma serra onde eram encaixadas as laterais que se fixavam na outra ponta em um bloco de suporte, “culatra”, que ficava na “base do violão”, ou seja na outra ponta do tampo. Ele, então, colava pequenos blocos de madeira (tentelones) para fixar o tampo para as laterais, sendo estes últimos em uma linha contínua, e sem lacunas. Uma longa fita com varias ranhuras era colada do outro lado das laterais deixando então a formação pronta para receber o fundo do violão. Ele usou toda cola animal e fez seu próprio polimento francês (verniz) com os quais dava acabamento aos instrumentos. Tarde na vida, Robert Bouchet comprometeu-se com uma espécie de "projeto comum" com um fabricante bem conhecido de Granada, Marin Montero, que tinha visto um dos “instrumentos Bouchet” e que havia admirado muito. Montero visitou Bouchet, em Paris, e encontrou o fabricante francês que foi um tanto amigável, bem como havendo demonstrado interessados em discutir idéias sobre como construir violões.
Algum tempo depois, em 1977, Bouchet visitou Montero em Granada, e sugeriu que eles construíssem um violão juntos. Bouchet determinou a maioria dos detalhes, do desenho do instrumento, padrão da estrutura e a seleção de um spruce para o tampo. Bouchet, no passado, havia feito vários instrumentos com tampos de cedro, mas não estava satisfeito com o resultado. Este esforço conjunto essencialmente envolvia um Bouchet idoso, atuando mais como instrutor, enquanto que Montero realizando o trabalho de construir o violão. De acordo com Montero, Bouchet tinha uma abordagem meticulosa em relação ao método de construção, e os espanhóis acharam isto bastante diferente à sua própria maneira bem mais simples de trabalhar. A guitarra foi concluída, parecia boa, e consolidou a amizade entre os dois parceiros. Dois anos depois, eles dispunham-se a encontrar-se novamente, desta vez na França, onde eles iriam trabalhar juntos por alguns meses. Eles produziram quatro violões, e desta vez Montero contribuiu mais para o projeto, a ponte (cavalete), as incrustações decorativas da roseta, frisos e filetes , o desenho da cabeça e do selo foram sua contribuição.
A maioria dos fabricantes está constantemente a introduzir mudanças sutis em seu trabalho, a fim de melhorar o instrumento e pesquisa para que o objetivo sempre esquivo da perfeição, e Montero observou: "Eu lembro de ter visto na casa de Bouchet um violão que ele estava fazendo, tinha sete hastes, em vez de cinco, como era de costume ele construir”. Bouchet era um amigo próximo de José Ramanillos, que recorda, “Bouchet era um homem muito inteligente, ele fez alguns instrumentos muito bonitos ... ele foi inspirado por Torres”.
Se você quer saber sobre Bouchet, no Conservatório de Paris tem um livro seu, está tudo escrito à mão, um documento fascinante. Ele registrou tudo sobre seu violão nele. Dos seus instrumentos considerados como os melhores, foram os protótipos espanhóis. Mas seu tampo estava muito fino, assim ele teve que colocar uma grande barra transversal abaixo da ponte (cavalete), ou a caixa acústica poderia ceder. Ele tinha um violão flamenco, o quarto ou quinto que ele fez, e que nunca vendeu, e era uma cópia exata de Torres. Ele não inventou as barras transversais, isto foi outra coisa que ele tirou dos ensinamentos de Torres. Na verdade, Bouchet experimentou um grande numero de experimentos sobre os seus trinta e cinco anos de construtor de instrumentos, introduzindo alterações tanto nos padrões quanto nas estrutura, em muitas ocasiões. Os violões Bouchet são notáveis, tanto para o seu volume considerável, quanto a sua soberba sustentação, bem como a sua beleza estética. Estes instrumentos raros e são extremamente valiosos, e é praticamente impossível de se obter algum ou alguém disposto a abrir mão de seus instrumentos.